MEDO

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"Se realmente quisermos seguir nossa meta de vida absolutamente isolada, podemos ter certeza que quando olharmos para o lado ainda nos restou um companheiro – o medo". Antônio Carlos Alves de Araújo - Psicólogo


A INTERPRETAÇÃO DO MEDO


"Nunca em qualquer outra época, o ser humano necessitou tanto da proximidade do seu semelhante, porém nunca foi tão negado esse facto, pelo receio das pessoas serem rotuladas de dependentes, assim sendo deveríamos rever o nosso orgulho, pois descobriremos ser este último o maior inimigo dos nossos mais íntimos desejos". Antônio Carlos Alves de Araújo - Psicólogo

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A questão do medo juntamente com a solidão, ocupa o topo dos sentimentos experenciados pela maioria das pessoas em nossos tempos. Desde cedo somos criados ou vivemos temerosos da perda da segurança em todos os aspectos da personalidade. Esse fato revela a incrível contradição de toda uma era de revolucionárias conquistas tecnológicas, pois parece que nada tem aliviado os mais arraigados temores humanos. E o ponto não é apenas o raciocínio um tanto simplista, quando dizemos que boa parte dos avanços são acessíveis apenas a alguns privilegiados, e embora isso seja correto, deixa de lado toda a dimensão da tarefa humana da convivência e busca de satisfação entre os seus semelhantes.


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Infelizmente este último tópico passa por uma enorme crise, já que a busca de relações saudáveis e de cooperação não tem sido a tônica em nossa sociedade, mas tão somente a segurança e destaque econômico. Obviamente o lado pessoal está totalmente renegado ao segundo plano, pois todos estão extremamente ocupados em tentar ganhar dinheiro. Esse estudo seria absolutamente desnecessário para se confirmar tão óbvia conclusão, mas o que pretendo é mostrar o impacto disso na psique humana, como acabamos reagindo a isso, e o que nos tornamos. O medo ou pânico, é a prova fatídica de que apenas restou lidar com o lado mais cruel e diabólico de nossa alma, é o atestado final de que renunciamos a todo o tipo de genuíno e verdadeiro contato humano, seja em forma de amizades, ou na questão afetiva.


Todos sabemos das dificuldades de se viver na nossa actual sociedade, e afim de nos prevenirmos contra o sofrimento diário do nosso emprego ou das relações, acabamos por adoptar a insensibilidade ou negligência como forma de conduta. Acontece que o nosso organismo irá compensar tal atitude, pois este último sempre terá a função reguladora, assim sendo, quanto maior a atitude de insensibilidade do homem moderno perante as suas relações, maior será o grau de sensibilidade corporal, e a sua consequente exposição a todo o tipo de manifestações psicossomáticas, como por exemplo: o síndrome do pânico. É curioso notar que um dos sintomas que mais prevalecem em tal doença, é o medo da pessoa sair sozinha com receio de que seja acometida de uma crise repentina de pânico. Está demonstrado um claríssimo sinal de desamparo e necessidade de cuidados especiais, uma espécie de pedido de socorro, ou ainda forçar que o ambiente ao seu redor acompanhe sempre a pessoa. No histórico desses pacientes encontramos sempre uma grande soma de isolamento pessoal e social, sendo que a doença parece ser o último refúgio para que essa situação se resolva de uma vez por todas. O medo é taxativo, é a prova mais absoluta de que a nossa vida anda muito mal, que estamos vazios, desprovidos de sentido, de que não possuímos ninguém para compartilhar o nosso eu, o medo obriga-nos a enxergarmos o nosso drama interior, a nossa ira com relação ao modelo de vida que levamos metodicamente, sem nenhum sentido mais amplo. Nossa tarefa  torna-se maior a cada dia, pois não basta rebelarmos-nos contra os sintomas, mas também em relação a um modelo social deteriorado, e se não agirmos rapidamente teremos um terceiro, a nossa angústia frente à impotência de alterarmos determinada situação.


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"A minha tarefa é estudar a alma, o que equivale dizer estudar-me a mim mesmo... na minha arte tentarei explicar a minha vida e o seu significado”, escreveu um dia o pintor norueguês Edvard Munch no seu Diário de Um Poeta Louco. Munch nasceu na Noruega a 12 de Dezembro de 1963 e foi considerado “o pintor da angústia, do homem moderno, da solidão que este sente nas cidades, do amor fracassado e da morte”.

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Edvard Munch perdeu a mãe muito cedo, com cinco anos, vítima de tuberculose e, quatro anos mais tarde, morre a sua irmã com a mesma doença. A partir daqui o pintor inicia uma relação com a morte que o vai obcecar para o resto da vida. De facto, quem nunca se deixou impressionar pelo mais célebre quadro de Munch, “O Grito”, talvez nunca se tenha deixado impressionar pela vida. Este é um quadro muito intenso, que reflecte a angústia deste pintor e a sua visão da existência humana. Munch descreveu a experiência que o levou a pintar esta obra em 1883, com apenas vinte anos, decorria o ano de 1883. “Caminhava eu com dois amigos pela estrada, então o sol pôs-se; de repente, o céu tornou-se vermelho como o sangue. Parei, apoiei-me no muro, inexplicavelmente cansado. Línguas de fogo e sangue estendiam-se sobre o fiorde preto-azulado. Os meus amigos continuaram a andar, enquanto eu ficava para trás tremendo de medo e senti o grito enorme, infinito da natureza”.


O modo como determinada pessoa expõe a sua vida, compartilha os seus problemas, divide os seus sentimentos, é a maior pista não apenas da sua maturidade, mas também da sua coragem e valor que dá aos que lhe estão mais próximos. O egoísta pode ser considerado o mais miserável de todos os sujeitos, pois o mesmo tem a concepção de possuir apenas uma ou algumas coisas de valor, recusando-se à troca, por achar que jamais reconquistará determinado objecto doado, adoptando uma postura de isolamento e temor perante as pessoas. Na verdade dedicamos ao medo toda a energia que não pudemos trocar em outras áreas, como, por exemplo, nas relações sociais e companheirismo, assim sendo, o medo é o irmão gêmeo da solidão, seu mais fiel escudeiro e a prova de que não prestamos muita atenção no quanto sempre fez falta o contacto humano. O medo é a antítese do crescimento, regulando a nossa vida pelo mínimo, é o factor máximo da adaptabilidade do ser humano, infelizmente explorado por todos os sistemas e governos. O medo é a jaula que nos impede de irmos aonde deveríamos, a distracção da tranquilidade e da felicidade, é estar constantemente no passado, uma espécie de condicionamento que fala que jamais poderemos ousar outro destino. Achamos que os nossos temores são um alerta, e através deles escolhemos sempre o mais cômodo, o menos arriscado, damos um total aval para a insatisfação, apenas por pensarmos que estaremos protegidos.


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A consequência na nossa psique não poderia ser pior, pois tudo isso resulta numa verdadeira tortura mental, e acabamos sempre pensando o pior, já que o nosso organismo sempre está precavido. Ficamos com a segurança e também com toda a negatividade que a mesma nos oferece, pois o medo de arriscar passa a ser o medo de viver, e temerários escondemos inclusive nossos sentimentos, aliás, penso que não há tortura maior nos dias de hoje, do que sentir o medo e o isolamento, e ao mesmo tempo não poder compartilhá-lo com os nossos semelhantes seja por timidez ou receio do julgamento que farão a nosso respeito. A clausura e o retraimento trazem a força do medo no seu mais alto nível, pois o mesmo apenas prevalece nas almas que sentem que o seu lado humano é improdutivo perante o seu meio, que a sua energia vital não está maximizada no contacto social, desperdiçando dessa forma a sua afetividade e a alegria de viver. Caso não tomemos consciência dos aspectos citados, o medo cada vez mais se apoderá de todos os segmentos da nossa existência, seja no temor da perda do emprego, ou de se sentir só, doenças psicossomáticas, insônia e depressão. Claro é o facto de que tudo isso já está ocorrendo, porém parece que a maioria das pessoas ainda não se deu conta da amplitude e do alastramento do problema, pois essa verdadeira epidemia já ocupa o nosso lar, esperando apenas o momento para reinar absoluta na nossa existência.



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Uma breve história que mostra bem as consequências que o medo pode ter nas pessoas:
Mito do Medo - Morte



Veja como as suas emoções se reflectem no seu corpo:

Disfunções Energéticas - Reiki

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